Elders

Este post foi concebido ad hoc numa peculiar múltipla dinâmica como irão ter oportunidade de constatar; elocobrará matérias tão profícuas e multifadas como corrigir a Filha de Joshua e dissertar acerca da fração mais paneleira do meu dia de hoje.

Cara Cachucha: o extermínio em massa ao qual se procede assídua, pontual e dominicalmente no cruzamento da Areosa é um conceito introduzido primeiramente em Portugal pela Coligação Nheco, da qual detenho o título de "Grande Colar da Coligação Nheco, Ginjas, o Messias do Inferno", e da qual são co-fundadores "Grão-Cruz da Coligação Nheco, Diogo, o Glorioso Ditador" e "Grão-Cruz da Coligação Nheco, Pedro, o Destruidor".

Faço aqui um parágrafo para dulcificar essa bela organização que é a Coligação Nheco (CN). A CN foi fundada pelos três supracitados indivíduos com o simples (embora similitudinário a muito outros) objectivo de, sei lá, conquistar o mundo. Para isso dispõe de um arsenal bélico do qual consta, em parte - grande parte - maioritariamente - apenas, a pressão psicológica. Os ideais nos quais a CN se baseiam são, bem, absolutamente nenhuns e os motivos que a movem são precisamente os seus ideais. Portantos a coisa corre bem, como facilmente se entende.
A CN edita diariamente (ou não) O "Jornal do Nheco", disponível igualmente de forma circadiana em qualquer banca por este país afora (ou não). Não é raro facções adversárias de resistentes à conquista do mundo (vá-se lá entender esta gente!) tentarem pegar boatos do género de, e passo a citar, "Ah, e tal, e o camandro, e aqueles gajos só têm dois jornais feitos no word que não passam da capa!", mas são, como compreenderão, rapidamente carbonizados no agora restaurado Campo de Re-educação de Auschwitz (cumprimentos ao amigo Gerhard Schröder do SPD Austríaco). Manchetes desse jornal (de compra obrigatória sob pena de violação) rezam, por exemplo, "Bairro de Cerco em dúvida: irá Pedro, o Destruidor, insistir?", "Ginjas viola 1ª dama: mulher de Bush brutalmente violada por Ginjas, fotos na net!", "Prostituição legalizada: Ginjas liberaliza o sexo mercenário.", ou mesmo "Bush cede à Coligação Nheco. Ginjas avisa: Putin, és o próximo!". Ai, ai, o 10º ano. Bons tempos.

Serviu este breve parágrafo para prefaciar a correcção que me vejo obrigado a ministrar à Filha de Joshua, que muito provavelmente apenas por uma anómala miscenização de ideias se enganou: Cachucha, minha pega, são os PANELEIROS que são fuzilados no cruzamento da Areosa, não os pretos! Foda-se!

Ai ai o 10º ano. Bons tempos.

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Hoje ia eu na paz de Joshua no 21 quando, ao passar pela Torre das Antas, me levanto para sair na próxima paragem. Simultaneamente, entram no autocarro dois Elders, todos muito bem aprumados como convém (se bem que um deles poderia eventualmente não passar por homossexual ao olho menos atento, falha essa imperdoável). Ora tudo estaria bem (Joshua abençoou-me com uma generosa dose de tolerância) se um deles não me tivesse dirigido a palavra. Senti-me profundamente insultado e por umas horas fiquei a meditar acerca da possibilidade de a minha pessoa irradiar algum tipo de aura abichanada da qual eles se tivessem apercebido (por via das dúvidas, tratei de a meter bem fundo umas horas depois para me convencer que não).
Anyway, a coisa passou-se mais ou menos assim:
- Olá, bom dia, eu chamar Elder. Tu ser...? - apresentou-se o gajo, estendendo-me a mão.
- Hum... bons dias, chamo-me Júlio. - respondi prontamente (releia-se aquela parte ali em cima em que Joshua ah e tal e a tolerância), e estendi a minha mão (que prontamente, ao chegar a casa, desinfectei com álcool, lixívia, acetona, vinagre, sumo de limão, ácido sulfúrico, urânio-246, Mérdium Travolax em ampolas, e Pachachouli Cachuchense em garrafões de 5 litros), ao mesmo tempo que me indagava como é que este tinha escapado aos fuzilamentos e mandava uma mensagem aos outros membros com as minhas coordenadas para que o viessem por a ferros até Domingo.
- Olá Djuliou, ir para a escola? - indagou de forma sorridente o tipo, ao ver que eu levava uma mochila.
- Não, não, vou para casa. - esclareci-o.
- Ah, ok. Saber, eu ser missionário, eu ter mensagem muito importante para transmitir! - avançou a puta. Nesta altura já Joshua me incitava a enfiar ao tipo um certeiro bico nos tomates para o calar. Mas mantive-me calmo.
- Que bom para si. Sabe, vou sair agora. Adeus!

E pronto. Foda-se. Nem Joshua me protege destes. Há uns dias, na FLUP. Hoje, no autocarro. Quem sabe se um dia destes não acordo amarrado a uma cadeira numa sala recôndita das traseiras do Boys'r'us. Joshua me livre.


Ide-vos todos foder; palavra do Senhor.